terça-feira, 18 de agosto de 2009

Marginalizado

Lá vai o andarilho com a sua família, olhos negros e profundos, cheio de experiência, cheio de histórias, cheio de lágrimas. Cabelo preto e encaracolado com pequenos pontos brancos, mas quase nunca visível por causa do chapéu que o protege do sol forte. Lábios serrados, cor de terra pela poeira da estrada, com feridas pelo queimar do sol. Típico viajante do mundo, barba e sobrancelhas grandes. Debilitado pelo esforço excessivo de cada dia, com um fardamento que é constituído de uma camisa que outrora fora branca, uma calça jeans acima do número, talvez pela falta de comida.
Lá vai o andarilho com a sua família, que protege sua mulher e filhos do castigante frio da noite e que para sua própria proteção não abdica de sua cachaça, que o torna mais forte, mais ágil, mais homem, mais humano.
Feliz na maioria das vezes por fazer amigos onde passa. Presenteia com objetos que guarda aqueles que param por um pedido seu ou que simplesmente encostam para conversar.
Temente a Deus ele segui em busca da sua terra, mas por excessos que passou já desistiu de um lugar ao Sol... Sol, ele está tendo demais.
Autoritário como um grande chefe de família que vive na rua e em passagens por albergues carrega responsabilidades de um herói que luta por seus filhos, batendo e apanhando de tudo e todos que o assim desejam-lhe o fim do seu único conforto a noite, quando olha para o lado e ver a sua digníssima esposa de boca e coração, amamentando o filho casula.Lá vai o andarilho com a sua família, valente, guerreiro, que vigia as pessoas de longe mesmo estando tão perto, se valendo apenas da fé, e da esperança de poder chegar à terra que tanto procura, onde seus filhos não passem mais fome, que possa viver em paz com sua mulher e que o seu “bom dia” seja ouvido e respeitado.

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