quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dia 7 de Fevereiro – Bicentenário do nascimento do escritor inglês Charles John Huffam Dickens ou, simplesmente, Charles Dickens.



Charlie foi o mais popular dos romancistas ingleses. Seus romances e contos os tornaram famoso até os dias de hoje. Apesar de não ser considerado muito realista pelos padrões atuais, foi importante por introduzir críticas sociais dentro das suas obras de ficção.

O público de Dickens era formado pela revolução industrial, o ambiente cheio de mudanças e conflitos. Com a explosão demográfica fortalecida por um êxodo rural que expulsa camponeses de suas terras dedicadas a criação de ovinos, Londres se encontra com mais de um milhão e meio de habitantes, fervilhando economicamente com a indústria têxtil que emprega os espoliados.  Época formada também pelas “camas quentes”, onde a exploração de crianças se torna uma característica pungente na Inglaterra. A história é que, crianças submetidas a jornadas de trabalho exorbitantes, dividiam camas entre si e, enquanto um estava trabalhando o outro estava dormindo, fazendo essa troca de turno sem nem ao menos deixar as camas esfriarem.

Enfim...

Dia muito quente e ainda nesse impasse da greve da PM.

Acabei de ler o livro “Marina – A vida por uma causa”, de Marília de Camargo César e não sei por onde começar a escrever sobre. O que me vem é que se começar a escrever vou fazer um resumo de sua vida, não quero isso. Então para começar vou escrever por que resolver ler este livro. É simples, queria conhecer mais da vida da pessoa que quase votei na última eleição. Acho que todos sabem, independente dos candidatos escolhidos para representar o país, que ela era a mais idônea. Não sei qual foi o motivo que não fizeram as pessoas não votarem nela, apesar de tudo, o meu motivo foi achar que ela não era experiência e não tivesse força suficiente para encarar uma presidência, acho que estava errado.

R$ 17,90
Editora: Mundo Cristão

Lembro-me de uma frase dela durante os pronunciamentos oficiais onde falava humildemente que só conseguira realizar os trabalhos tão bem por que se cercou de pessoas competentes e ouvia muitas pessoas entre especialistas na área discutida, no caso dela, voltadas ao meio ambiente e, coletava opiniões variadas para chegar a uma conclusão sobre como agir em determinadas situações, coisa que os políticos normalmente não fazem ou não dão ouvidos. Já tinha escrito outras vezes que o mau dos políticos é acharem que são formados em todas as ciências, e com arrogância e empáfia que lhes pertence, decidem apenas por motivos políticos. Até cogitei falando que no futuro ela iria está pronta, ainda acho isso.

Não estou dizendo que me arrependi de ter votado em Dilma Rousseff, de forma alguma. Junto com especialistas e estatísticas, o governo Lula foi o melhor que já houve, parafraseando o próprio, nunca antes na história desse país. Credibilidade que ele conquistou mediante aos fatos, vez com que a sua escolha fosse consequentemente a melhor escolha, ainda acho isso também.

Minha família estava dividida sobre seus candidatos. Apesar de pressões de todo lado, sempre fomos livres para decidir em quem votar. Mas tenho uma visão parecida com a de Marina no aspecto de governar, apesar de nunca ter feito. Devemos nos cercar dos melhores para fazer o melhor. Até brincava com os familiares que se fosse eu a ganhar as eleições eu colocaria os outros candidatos em alguns pontos do governo em áreas que mais defendiam ou seriam bons, como Serra no Ministério da Saúde, Marina no Meio Ambiente e Plínio com a Reforma Agrária, fazendo assim um grupo variado para melhor decidir. Rsrsrrss Ingenuidade, talvez... Mas a ideia é pertinente.

Então o que encontrei no livro foi à confirmação do quanto Marina Silva é especial, uma figura única no cenário político do país. História sofrida, mas linda. Um dos seus poemas, talvez o mais famoso, confirma a sua força e seu desejo ao longo das 256 páginas. Marina ainda vai contribuir muito com o Brasil e com o mundo. Ela tinha meu respeito muito antes de ler esse livro, mas agora se oficializou.


Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.

Prefácio

Quando a Marina Silva começava a planejar sua campanha como candidata à presidência do Brasil, tive a oportunidade de acompanhar algumas reuniões com grupos de pessoas envolvidas no processo.

Enquanto os temas eram discutidos, os participantes davam seus apartes e faziam suas intervenções, às vezes ao mesmo tempo, coisa natural em reuniões com muita gente. Chamou-me a atenção ver que por um longo tempo a Marina apenas acompanhava cada fala, em silêncio. Quando finalmente era lhe passada a palavra, com a elegância de uma boa escutadora, resumiu os pontos centrais do que havia sido dito por cada um dos participantes, incluindo todos em suas considerações. Só então colocava sua visão sobre o tema, amarrando com bom senso toda reunião.

O silêncio que provocava ao falar era criado por uma espécie de autoridade natural que ela tem. Por trás daquela figura discreta, há um mundo interior muito profundo, e de alguma forma isso é percebido ou sentido por quem está ao redor. Marina é boa escutadora, conhece e respeita o peso das palavras e as usa com coerência, precisão e propósito. É como se ela tivesse passado por uma análise com bom terapeuta por muitos anos, tornando-se uma pessoa resolvida, que sabe para onde caminha e não se deslumbra com o que possa surgir pelo caminho.

Eu me perguntava de onde viria essa sua capacidade rara de escutar, refletir e elaborado o que é dito pelos outros. Creio que Marina – A vida por uma causa, de Marília de Camargo César, ajuda-nos a entender isso. O livro revela onde e como foi forjado esse espírito raro e tão desejado em lideranças políticas.

Ao ler este livro, o leitor s pergunta por onde ia o pensamento da pequena Marina, com seus 12 anos, ao caminhar em silêncio dezenas de quilômetros todos os dias, pelo meio da floresta, no seringal Bagaço, para retirar látex. Aquela menina estava mergulhada e um mundo sem muitas palavras, sem letras, mas rico em sons da natureza, onde cada sinal da mata tinha um significado, onde cada árvore tinha nome  e onde a vida, em sua simplicidade fazia sentido.

Imagino que, durante esses mergulhos diários em seu mundo interior, a introspecção passou a fazer parte de sua maneira de pensar e de ser. A capacidade de pensar e sintetizar o que ouve, às vezes de forma prática e outras, poética, deve ter sido construída ali, enquanto caminhava e repassava mentalmente as histórias que ouvia. Sorte a nossa.

Enquanto as forças políticas que tocam o Brasil vivem às turras numa discussão estéril sobre quem está mais a direita ou á esquerda ou quem é responsável por isso ou aquilo, e ainda pensam o país com os valores e olhos do passado, focados em crescimento e expansão, como se isso ainda fosse sempre razoável e desejável. Marina está voltada para o Amanhã. Vê a possibilidade de outro futuro não só para o Brasil, mas para o mundo todo. Sabe que precisamos começar hoje (antes de ontem) a mudar alguns paradigmas de nossa vida, se queremos deixar algum planeta para nossos descendentes.

Ao compreender como poucos líderes a importância dessa guinada em nossa civilização, Marina mostra-se alinhada com o pensamento científico de ponta e representa o que de mais novo existe hoje no Brasil.   
Fernando Meirelles

Recomendo!

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