sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dia 2 de Fevereiro – Festa de Iemanjá


Pela primeira vez participei da festa de Iemanjá no Rio Vermelho.  Adorei a festa, mas algumas coisas eu tenho para salientar. As festas tradicionais ao longo dos anos vão perdendo a sua identidade e servem de palco para atitudes que geram imagens discrepantes na celebração.  Ontem peguei um ônibus na paralela para poder chegar ao Rio Vermelho. Depois de uma pequena caminhada cheguei na Rua Guedes Cabral. Logo me deparei com milhares de pessoas regadas a cerveja e foi assim até a hora em que fui embora. Entre algumas barracas de flores, frituras e assados, tinha muitas de bebidas e incontáveis isopores.

 Uma das festas mais populares do ano. Desde 1923 quando houve uma diminuição da pescaria na Vila de Pescadores do Rio Vermelho, fez com que centenas de devotos ofertassem presentes a “Rainha das Águas”, que na época, pelo sincretismo, entre o orixá e a Nossa Senhora da Conceição, era realizada em conjunto com a Paróquia do Rio Vermelho. Nestes últimos anos, é obrigado a dividir espaço com foliões que batucam e catam músicas de um verdadeiro Carnaval fora de época. Me parece que qualquer barulho do início do ano até o dia 15 serve como prévia da pipoca e dos longos camarotes. Camarote, aliás, que encontramos se quisermos assistir a longa fila de devotos e simpatizantes, com suas rosas multicoloridas e as embarcações que vão e voltam transportando balaios cheio de flores, perfume, pentes, esmaltes, espelhos, etc. Que mulher vaidosa!


Nos anos 60, com a reação da Igreja católica contra o sincretismo, fez com que a festa perdesse a devoção na Santa é tanto que até hoje, as portas da Igreja de Santana, no mesmo local da cerimônia, mantêm as portas fechadas. Mas, como o movimento mais recente contra “religiões Pagãs”, a presença de membros das várias igrejas protestantes é certa. Com uma longa faixa e distribuindo panfletos, queimando pelo sol forte. Haja força de vontade, “Jesus Salva!”.

Voltando a falar do balaio, não concordo com a maioria das coisas que o compõe. Flores, tudo bem, até os animais podem se beneficiar com isso, mas os outros itens só sujam o mar. Ontem eu vi, pelo menos em uma parte, que não colocavam mais o vidro de perfume, mas a própria substância nas flores.Vá lá! Contudo, objetos que causam risco devem parar ser jogados. Acredito que Iemanjá não vai poder abrir o vidrinho de esmalte, nem vai querer que o seu ambiente seja poluído... Algumas coisas precisam mudar. O Meio Ambiente pede por mudanças. Quem viu as águas negras do mar, e as centenas de latinhas e plásticos na areia escurecida, sabe do que estou falando.

Andei muito por lá. Fui benzido duas vezes. Na primeira vez não sabia como me portar, mas o Pai de Santo sabia conduzir como quem já tem experiência de lidar com turista ou moradores desinformados. No lugar eu era os dois. Depois da reza pedindo a “Mãe d’água” por proteção e bons caminhos, ele me pediu para colocar R$10,00. Chocado, eu lhe disse que só iria ficar só com a benção, que não tinha, logo ele retrucou, coloca qualquer coisa. Mexi no bolso,veio uma moeda de 50 centavos. Ele agradeceu. Foi isso! E olha que ele veio com essa surpresa depois dele saber que eu era daqui mesmo... Ele deve ter pensando: Gringo esperto, alguém falou que era assim aqui, mas eu não caio nisso. No mais, foi muito simpático.

Com uma folha no bolso para colocar na carteira, arroz no cabelo, com pontos brancos e cheirando a alfazema, andei mais pouco. Uns 20 minutos depois, em outro ponto, um grupo de Pais de Santo (não sei se só Pai de Santo pode fazer isso), mas vestidos com roupas lindas então dando as bênçãos e eu, tirando foto. O mais velho me chamou e começou o trabalho. Eu adorei passar por isso, sobretudo por que, principalmente este segundo, era muito legal. Tirei até uma foto com ele.



Ontem me fez perceber que preciso comprar uma câmera, não dar para ficar com a do celular. É boa, mas quase não tem recursos. Não gosto muito de ficar “corrigindo” fotos. Tanta coisa que não pude registrar, por está muito longe, por está muito perto, pela luz, meio receoso para tirar do bolso, enfim, por muitas particularidades e recursos que se dispõe com uma maquina fotográfica boa. Destaque para os 1400 homens (não contei) da Festa. Não sei se tinha isso tudo, mas que me sentir protegido com o contingente. Contudo, depois das confusões ontem por toda a cidade, a impressão que dá é que todos os policiais foram para um único bairro deixando os demais desprotegidos.

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