sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Lido...





"A Águia e a Galinha"



Uma Metáfora da Condição Humana





R$ Não tem preço...




Esse vai para a lista dos livros que mais gostei. E fico muito feliz por ser de um brasilerio. E não podia ter vindo em hora melhor. Vou ter que rele-lo, para que ele enraíze dentro de mim. Uma lição continua, um modo de vida, e vai de encontro ao que resolvi fazer, sentir, viver. Experiências. Tanto físicas, quanto psíquicas, quanto espirituais. Como vou escrever muitas vezes sobre esse livro e sobre tantos outros do mesmo nível, no decorrer da minha vida, vou contar-lhes a história que é contada dês do início do livro, e o percorre até o final, utilizando Midraxe, com o apoio da ciência, da espiritualidade, do intelecto, do mistério, do místico, do profundo, do livre, do preso, os opostos, o amor, a vida...




Essa história foi narrada por James Aggrey.




“O contexto é o seguinte: em meados de 125, James havia participado de uma reunião de lideranças populares na qual se discutíamos caminhos da liberdade do domínio colonial inglês. As opiniões se dividiam.

Alguns queriam o caminho armado. Outros, o caminho da organização política do povo, caminho que efetivamente triunfou sob a liderança de Kwame N’Krumah. Outros se conformavam com a colonização à gual toda a África estava submetida. E havia também aqueles que se deixava-se seduzir pela retórica dos ingleses. Eram favoráveis à presença inglesa como forma de modernização e de inserção do grande mundo tido como civilizado e moderno.

James Aggrey, como fino educador, acompanhava atentamente cada intervenção. Num dado momento, porém, viu que líderes importantes apoiavam a causa inglesa. Faziam letra morta de toda a história passada e renunciavam ao sonho de libertação. Ergueu a mão então e pediu a palavra. Com grande calma, própria de um sábio, e com certa solenidade, contou a seguinte histórias:

“Era uma vez um camponês que foi a floresta apanhar um pássaro para mante-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de Águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.

Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

-Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.

-De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.

-Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.

-Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

- Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiado-a disse:

-Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe!

A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá de baixou ciscando os grãos. E pulou para junto delas.




O Camponês comentou:


-Eu lhe disse ela virou uma simples galinha!

-Não tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas quando a águia viu lá em baixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à carga:

-Eu lhe havia dito, ela virou galinha!

- Não – respondeu firmamento o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã farei ela voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no ato de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe;

- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra ,abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu sua potentes asas grasnou com o típico Kau Kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, voar cada vez mais alto. Voou... Voou... até confundir-se com o azul do firmamento.”

E Aggrey terminou conclamando:


“-Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados é imagem e semelhança de Deu! Mas ouve pessoas que nos fizeram pensar sobre galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.””




Do livro


A águia e a galinha representam a condição humana, a história pode parecer boba, previsível, simples. Não é. Como todas as características do ser humano não o são. Se trata de uma Identidade. A história por trás da história. Lembre-se onde ela foi contada, por quem foi, a condição da águia, por que ele sussurrava para águia... o significado do Sol, o naturalista e o camponês, o desaparecer no infinito, de quem é esse livro. Leonardo Boff, simples e complexo assim...



"Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. todos estamos à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente (...)




(...) Vamos rir chorar e aprender. Aprender especialmente como Casar Céu e Terra, vale dizer como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa da eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, da mesma Aldeia Comum, generosa e bela. o planeta Terra."




Casamento entre o Céu e a Terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001.pg09





Hoje começo a ler a revista "Mundo Estranho". Edição de Dezembro de 2009.


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