quinta-feira, 13 de outubro de 2011

De certo que é meio excêntrico, mas o Tcheco Franz Kafka se tornou um dos meus escritores favoritos. No final de semana, um pouco antes de ir assistir o filme “Eu queria ter a sua vida”, fui almoçar com um amigo e beber o velho e querido cappuccino. Enquanto esperava o almoço, procurei um livro para pelo menos me introduzir na leitura e posteriormente lê-lo na íntegra, costume. Só conseguir lê o prefácio do livro Na Colônia Penal, Dele, mas a versão contada em quadrinhos de Sylvain Ricard. Logo o prato que havia pedido foi posto diante de mim. Uma das coisas que gosto no Café Feito A Grão, da Saraiva do Iguatemi, é a eficiência.  Sertãozinho era o nome!

(retirado do site Flickr do Feito A Grão, infelizmente minha foto não prestou hehe)

Carne do Sertão Desfiada, Purê de Abóbora, Catupiry e Batata Palha.


Logo acompanhado da inseparável bebida de um jornalista... Alguma coisa com cafeína.




Depois de ler o prefácio e poucas imagens acabei devolvendo o livro à prateleira, mas a curiosidade para conhecer a história me fez retornar no dia seguinte e lê-lo. Realmente uma história contada por Kafka, ou seja, muito boa.


R$ 33,00

O livro que tem como roteirista Sylvain Ricard, como já citado, ainda conta com os desenhos de MaËl, cores de Albertine  Ralenti e tradução de Carol Bensimon, tudo isso publicado pela Quadrinhos Na Cia. Vou oferecer ao três leitores (agora são três!!!) do meu blog da mesma forma que me foi apresentado, sem  a comida e o café, é claro!

(“”)
Tanto o homem Franz Kafka quanto sua obra são fascinantes. Uma de suas companheiras, Milena Jesenska, dizia a respeito dele: “Franz é como um homem nu entre pessoas vestidas. […] É um homem forçado ao ascetismo por sua terrível lucidez, por sua pureza, por sua incapacidade de aceitar o comprometimento”. Comprometimento, eis a palavra-chave, a situação da qual Kafka sempre quis fugir, mas que o aprisionava sistematicamente. ele detestava seu trabalho burocrático, mas nunca o abandonou. Tinha horror de seu pai, mas sua figura autoritária o fascinava, quase o paralisava. seu mais forte desejo era escrever, mas nenhum de seus textos o satisfazia totalmente.

A novela terrivelmente violenta que é Na colônia penal nasceu nos primórdios da 1ª-  Grande Guerra. Mais surrealista que aterrorizante, a situação deixa o leitor desamparado diante de sua enormidade: a máquina, instrumento de execução capital, cuja beleza e perfeição só se igualam à barbárie absoluta de seu objetivo; o oficial, de profunda e ingênua sinceridade, de um engajamento irrestrito e de uma fidelidade animal por seu defunto comandante (o genial inventor da máquina); o viajante, o soldado e o condenado, ao mesmo tempo espectadores (e portanto voyeurs, assim como o leitor) e atores desta paródia da justiça, cada um como um contraponto ao metódico e receoso oficial. Disso resulta uma dissonância tão aguda que acaba por dar uma dimensão tocante e quase infantil à súplica do oficial, a derradeira reivindicação do direito de existir como filho espiritual do saudoso comandante.

A leitura de Na colônia penal é um desafio, tamanha é a proximidade do atroz e do cruel com a leveza, a suavidade e a beatitude. Mas Kafka não exagera na absurda obstinação do homem à autodestruição. Um olhar para a atualidade, para nossas telas de televisão, pode indicar que o homem colocou com frequência a sua inventividade a serviço da destruição do outro e que a fascinação diante da dor é cada vez mais banalizada. Basta ver que a violência dos homens sobre outros homens bate todos os recordes de audiência (execuções sumárias, guerras, atentados…), e não há sombra de dúvida de que uma execução pública na Place de la Concorde teria mais sucesso e mais (tele)espectadores que qualquer outra festividade…

… o que explica como a obra fascinante que é Na colônia penal torna-se o espelho da sociedade em que vivemos e daquilo que somos.

Sylvain Ricard


Gostei tanto da história que procurei aqui na minha biblioteca textos de Kafka, que sabia que tinha, mas ainda não havia lidos. Debrucei-me no A Metamorfose.



R$ 26,00

De acordo com o que li, o mais célebre conto de Franz Kafka e uma das mais importantes obras da literatura. O que posso falar é que é uma leitura extremamente viciante, que une o trágico com humor, tudo de forma bem transparente, onde os sentimentos tanto das personagens, como dos leitores, ficam a flor da pele, características do autor.



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